Nem todo cansaço é
ruim.
Há cansaço que
destranca. Há cansaço que liberta. Há cansaço que é quase descanso, um
pouquinho só dali. Há cansaço que é lume, depois de tanto suposto incansável
breu. Há cansaço que cria espaço para harmonizarmos nossos passos com o caminho
da nossa alma outra vez, o ego momentaneamente vencido. Há cansaço que sorri
para as nossas dores, conhecedor da mágica capaz de fazê-las afrouxar: soltar.
Nem todo cansaço é
ruim.
Há cansaço que cria
intervalos preciosos, férteis de transformação. Há cansaço que nos torna mais
parecidos com nós mesmos, de novo ou pela primeira vez, e mais próximos do
lugar em nós onde pulsa o que nunca se cansa. Há cansaço que nos leva ao
instante, em que, exaustos, reverenciamos a vida e dizemos para ela mais ou
menos assim:
- Entrego o meu
cansaço, farta de perceber que, por mais que eu tente, não tenho controle com
relação a tudo àquilo que, de verdade, importa. Eu me rendo à sua sabedoria,
que me habita, embora tantas vezes eu esqueça. Por favor, me ensina a
simplesmente fluir com você. Por favor, me ensina a simplesmente fazer florir
as sementes que você me confia. Por favor, me ensina a simplesmente ser.
De preferência, sem
muito cansaço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário